domingo, 18 de novembro de 2018

Arquivo Morto | #1


Dont, é uma fanfic de Avenged Sevenfold, que comecei a escrever faz um bom tempo. A história é sobre uma garota cheia de problemas, depressões, abusos, drogas, entre outros. Ela está tentando recomeçar sua vida, quando tem uma recaída, e tenta um suicídio. Porém, quem lhe impede de tirar a própria vida, é Zachary, um assistente social/psicologo, é ele quem ajuda a garota a encontrar felicidade. 

Bem, eu quis escrever sobre várias coisas que eu nunca havia escrito antes, eu me desafiei a isso. Quis fazer uma história diferente do que eu geralmente faço, algo fofo e romântico. Enfim, eu escrevi um capítulo e parou por ai rs. Caso queiram conferir, continue lendo! 










Behind blue eyes.

A chuva forte já havia encharcado todo o seu corpo, tremia tanto, que chegava a bater os dentes um no outro. Talvez fosse o frio, ou talvez fosse consequência da escolha que fizera mais cedo. Olhando para cima, podia notar o quanto o céu estava negro, nem mesmo a lua era vista. Um céu tão negro, quanto sua alma.

Caminhava entre delírios, com os pés descalços, pensando no que havia acontecido. Anos atrás, tinha planejado esse dia como uma vitória, um recomeço onde só se teria alegria. Mas tudo deu errado, e tinha voltado a estaca zero. Era muito fraca para poder seguir em frente, não aguentaria sofrer por mais um ano, não aguentaria ver sua irmã sofrer e não fazer nada. Mas estava de mãos atadas.

Não lhe restava mais nada a não ser sofrimento.

. . .

Passava de carro pela ponte, em velocidade baixa, por causa da forte chuva que caíra sobre a cidade. Estava distraído, ouvindo uma de suas músicas preferidas, mas algo lhe fez olhar para fora do carro com atenção.

Era uma garota, caminhando na chuva, descalça e usando apenas uma camisola. Seus cabelos eram branco e preto, eram longos alcançando até sua cintura. Chegou a parar o carro, apenas para observá-la, achou estranho o jeito que andava, tão calmamente, quando o mundo parecia querer desabar em chuva. Mas a surpresa veio quando ela passou pela grade de proteção da ponte, suas pequenas mãos seguravam na barra de ferro, sem muita força. E então, olhou para baixo.

Ela ia se jogar.

Um frio percorreu sua espinha. Sem pensar duas vezes, tirou o cinto de segurança e saiu do carro. As gotas de chuva machucaram seu rosto, mas correu até a garota.

– Moça! Por favor, não faça isso! – Gritou, enquanto se aproximava. Mas ela continuou imóvel. – Por favor, me escute! Você não precisa fazer isso...

– Me deixe em paz! – Gritou de volta, com um gemido sofrido.

– Não posso fazer isso, não posso deixar que acabe com sua vida assim! – Com mais alguns passos, ele estava muito perto da garota, mas não arriscou tocá-la. – Não é assim que você vai resolver seus problemas, isso só vai trazer dor para as pessoas que te amam.

– Ninguém me ama! – Retrucou, soltando uma das mãos.

– Espere, por favor! – Segurou rapidamente em seu pulso, impedindo-a de se jogar. Ela enfim lhe encarou. – Não faça isso. Sei que tem alguém no mundo que te ama, você não pode desapontar essa pessoa. Você não pode se desapontar, não faça isso com você... É tão jovem, tem uma vida inteira para concertar seus erros e ser feliz.

Ela chorou e soluçou. Tudo o que o homem havia lhe dito era verdade. Havia alguém, uma última pessoa, que lhe amava. Não podia desistir tão fácil assim!

– Por favor, me deixe te ajudar. – Pediu ele.

Sem dizer mais nada, ele a puxou, tirando-a da beira da morte. Percebeu o quanto tremia, e por isso pegou-a no colo, na tentativa de chegar mais rápido ao seu carro. Colocou-a no banco do carona e passou o cinto por seu corpo. Entrou no carro e ligou o aquecedor, esperando que a garota ficasse bem.

Durante o caminho, ela não falou muitas palavras, nem respondeu suas perguntas, mas podia ver lágrimas silenciosas deslizando por suas bochechas. E estava inquieta, mexendo-se como se estivesse desconfortável.

– Você está passando bem? – Pergunta, preocupado. A garota apenas balança a cabeça negando. – Quer que eu te leve em algum hospital? – Ela negou novamente. Ele passou a mão no rosto dela, percebendo o quão quente sua pele estava. – Você está com febre. Onde é sua casa?

– Não tenho casa. – Responde, com a voz fraca.

Com a resposta, ele fez o caminho de sua casa. Não poderia deixar a garota em um lugar qualquer, não com febre e com pensamentos suicidas. Não demorou muito, e logo já estava estacionando na garagem de sua casa.

Saiu do carro e deu a volta, para tirar a garota, mas assim que abriu a porta, foi recebido com um jato de vômito. Seu tênis estava nojento, mas não deixou que isso desviasse sua atenção da garota. Pegou-a no colo novamente e com certa dificuldade, abriu a porta de sua casa.

Levou-a direto para o banheiro e colocou-a sentada no vaso. Ligou a torneira da banheira, tendo cuidado para não deixar a água muito quente. Deu uma breve olhada na garota, ela parecia delirar, com os olhos distantes e mexia a cabeça sem parar.

– Ei... Eu sei que é uma situação estranha mas, eu só estou querendo te ajudar, certo? – Diz, se ajoelhando em frente a garota. – Meu nome é Zachary, mas você pode me chamar de Zacky. Como você se chama?

– Lizbeth. – Ela responde.

– Você tem um nome muito bonito. – Zachary sorriu levemente, tentando passar alguma segurança para a garota. – Lizbeth, você está com febre, precisa tomar um banho morno para baixar a temperatura. Você consegue fazer isso sozinha?

– Me sinto... Mole... – Ela balança a cabeça e fecha os olhos com força. – Não tenho forças.

– Tudo bem, eu vou te ajudar. – Zachary respirou fundo e esticou os braços em sua direção.

Percebeu que Lizbeth ainda chorava, porém tinha os olhos fechados. Zachary exitou antes de tocar na garota, ficou um pouco assustado pelo que estava vendo agora. A pele extremamente branca de Lizbeth, tinham marcas por quase toda parte. Nos braços, marcas de mãos grandes, vermelhas e bem recente, e vários furos próximos a sua veia, um deles estava recente.

Lizbeth era viciada, disso teve certeza.

Mas as marcas em seu corpo diziam que ela fora vítima de maus tratos, conhecia muito bem, pois lhe dava com isso quase todos os dias. Por isso, tentou ignorar o que via.

Tentou não tocar em sua pele, enquanto tirava a camisola que usava. Rapidamente, pegou-a no colo mais uma vez, e colocou-a dentro da banheira.

– Vou arrumar uma roupa confortável pra você. – Disse calmamente.

. . .

Já tinha ajudado Lizbeth a se vestir e havia lhe dado um remédio contra a febre. Agora ela estava dormindo, mas tinha o sono agitado e falava muitas coisas enquanto dormia. Zachary não conseguiu compreender a maioria delas, mas seja o que fosse, ele sabia que era algo que lhe deixava triste. Ela acordou algumas vezes, chorando do mesmo jeito silencioso, e logo depois voltava a dormir.


Zachary ficou ali, velando seu sono, lhe acudindo quando era preciso. Não conseguia dormir, deixou seu pensamento vagar sobre a garota que havia conhecido hoje. Se contasse a seus amigos, o chamariam de louco, abrigar alguém desconhecido e drogado, bem, o caso era diferente. Lizbeth estava prestes a tirar a própria vida e estava sofrendo muito. Tinha certeza que por trás dos lindos olhos azuis, ela escondia uma história triste. Conhecia olhares assim, pois fazia parte de seu trabalho. Concluir todo esse pensamento, só o fez querer ajudá-la ainda mais.  





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