Olá Morceguetes!
Então, estava eu dando uma olhada em minhas pastas de histórias e fanfics, e achei este rascunho. Foi escrito no ano passado, na época eu queria muito escrever algo com sereias, continuo querendo. Trata-se de um romance entre uma sereia e um humano, onde Pérola, quase é pescada por caçadores de sereias e Zacky e sua irmã, lhe ajudam a fugir de tal destino. Eu, obviamente, não terminei, há apenas um capítulo e metade do segundo haha. Postarei para vocês, espero que gostem!
–
Era mais um fim de semana daqueles
em que eu e minha irmã, visitávamos nossos pais. Eles se separaram
ha alguns anos, então visitamos mamãe no sábado e papai no
domingo. – Expliquei. A mulher gorda a minha frente me encarava com
atenção. – Mal sabia eu, que aquele dia mudaria toda a minha
vida. Talvez você possa não acreditar em mim e me chamar de louco,
mas eu juro por Deus, que tudo o que eu direi aqui, aconteceu...
.
. .
Eu
tinha dez anos, ou quase isso, mas sei que ainda era criança. Nossa
família estava de férias na nova casa de verão que papai havia
comprado, perto de uma floresta. Ele havia comprado, porque naquela
região havia um mar denso, de águas cristalina, com milhares de
peixes pra serem pescados, e claro, papai adorava pescar. Já
estávamos ali havia uma semana, e papai nos levava pra pescar no
pequeno barco que havia comprado, mas eu gostava mesmo era de andar
pelas margens do rio, o problema era que cada vez eu me distanciava
mais de nossa casa. Naquele dia em particular, eu decidi colocar os
pés na água, mesmo que ainda não soubesse nadar. Enquanto eu me
divertia, mexendo meus pés na água, ouvi algo extremamente
maravilhoso. Alguém estava cantando, mas não era música alguma,
não sabia distinguir o que era, mas me atraia como doce, me fazia
dar passos avançados em direção ao mar, e quando a água atingiu
meu peito eu parei. Senti a água se mexer, como se algo estivesse
nadando ao meu redor, mas não senti medo, aquela música me
acalmava. Mas quando o canto parou, eu pude perceber que logo mais a
frente, emergindo da água havia uma mulher. Senti-me arrepiar, não
pelo frio, mas sim pelos olhos brilhantes que ela tinha, era só o
que eu podia ver. A mulher mantinha seus lábios e queixo em baixo
d'água, não se revelando. Eu queria alcançá-la, e quando dei mais
um passo, eu a vi sumir. Franzi a testa, estava confuso e o frio
começava a me incomodar, afinal, já estava escuro.
–
Zacky! – Ouvi o grito de meu
pai.
A
voz de meu pai foi como um despertador, eu percebi o quão longe
estava, o quão desligado eu estava da realidade. Girei os
calcanhares e comecei a dar passos para fora da água. Logo meu pai
me recebeu com uma toalha.
–
Sabe que não pode entrar no mar
essa hora garoto! – Ralhou meu pai.
–
Me desculpe, papai... –
Choraminguei.
–
O que seria de você se eu não
tivesse te achado?! – Segurou em minhas mãos gélidas. – Uma
sereia poderia ter te afogado!
–
Sereia? – Franzi a testa. A
única vez que vi uma sereia fora no desenho da Dinsey, mas não
imaginava a pequena sereia afogando pessoas e a levando para as
profundezas do oceano.
–
Sim garoto! – Papai deu aquele
sorriso enorme, como quando ia começar a contar uma de suas
histórias. – Sereias, todas lindas com enormes olhos. Elas te
enfeitiçam com seu canto suave e te atraem para água só para
poderem te afogar.
–
É verdade mesmo? – Perguntei.
Papai sorriu e afirmou com um aceno de cabeça.
Eu
sorri de volta, mas na verdade estava assustado, afinal, eu havia
escutado algo, havia visto algo na água. Depois daquele dia, nunca
mais consegui nadar naquele rio com minha família, nem mesmo nas
praias eu não me arriscava a ir tão longe. Mesmo que eu não
acreditasse na história de meu pai, algo me dizia para não abusar
da sorte que tive naquele dia.
.
. .
–
Acha que papai vai nos levar pra
pescar de novo?! – Amelie pergunta, me encarando com uma expressão
tediosa. – Fazemos isso desde que eu nasci!
Amelie
é minha única irmã, por mais que tenhamos cinco anos de diferença,
sempre fomos muito grudados. Ela sempre foi minha melhor amiga, minha
companheira, por isso, moramos juntos desde a separação de nossos
pais. Mesmo que mamãe reclame dizendo que, eu já tenho vinte e sete
anos, que já está na hora de arrumar alguém pra juntar os trapos.
Bem, eu juntei os trapos com minha irmã, e isso já é o suficiente.
–
Você o conhece bem pra saber que
sim. – Ri enquanto dirigia em direção a casa de férias, onde
papai morava agora. – Só não entendi o porque de ele nos chamar
tão cedo dessa vez...
–
Não é mesmo?! – Ela revirou os
olhos. – Espero que não peguemos nenhum peixe, porque não estou
nenhum pouco a fim de vê-lo estripando um peixe.
Gargalhei.
Amelie nunca gostou muito dessa qualidade de papai, sempre preferia
ficar fora das pescas, a não ser quando mamãe a obrigava. Mas
agora, vendo que era a úncia coisa que nosso pai sabia fazer bem,
ela preferia suportar a pesca apenas para ter a companhia do velho.
Quando
chegamos, papai já estava no pier aprontando as coisas no velho
barco. Ele usava um grande chapéu de palha, que me fazia rir,
parecia muito animado enquanto arrumava as coisas. Quando nos viu,
sorriu largamente acenando.
–
Hey velho! – Amelie gritou
enquanto corria até ele.
Papai
a abraçou forte, como se não a visse a anos, mas fazia apenas uma
semana. Eu caminhei até o pier e finalmente cumprimentei meu pai.
–
É impressão minha, ou você está
mais tatuado cada vez que te vejo, garoto? – Papai ri.
–
É o que acontece quando se tem um
estúdio de tatuagem. – Dei de ombros.
–
Você parece bem animado hoje.
Aconteceu algo? – Amelie pergunta desconfiada. – Não me diga que
arrumou uma mulher! – Ralhou de modo ciumento, fazendo com que
rissemos. – Porque você sabe que mamãe ainda gosta de você...
–
Filhota! – Papai revirou os olhos.
– Não é nada disso...
–
Então o que é? – Perguntei
erguendo a sobrancelha. – Até eu estou curioso...
–
Não se pode ficar feliz apenas com
um dia ensolarado e com a maravilhosa visita de meus filhos?! – Ele
nos encarou, e nos continuamos sérios por alguns segundos. – Okay!
– Revira os olhos. – Encontrei algo no mar, e quero mostrar a
vocês! É incrível! – Ele sorriu novamente.
–
Deve ser, pra deixar você tão
contente. – Ri.
Não
demorou muito já estávamos no mar, o motor do velho barco do papai
estava menos barulhento do que eu pensava. Eu mal tinha percebido,
mas ele não havia trazido as varas de pescas. Achei estranho, alias,
meu pai estava muito estranho.
–
Ei velho, você tá comendo essas
porcarias agora? – Amelie tirou um pequeno saco de balas de gomas e
gelatinosas. Haviam mais coisas também.
–
São viciantes! Mas não é pra
mim... – Sorriu. – Espere e logo vocês vão ver.
–
Não estamos muito longe? –
Perguntei olhando para os lados. Me senti desconfortável, já que
não gostava de me distanciar da terra firme.
–
Não consigo mais ver a cabana... –
Comenta Amelie. – Além de velho está ficando louco, é?
–
Já estamos chegando! Deixem de ser
chatos! – Disse revirando os olhos. Logo ele parou o barco perto de
uma rocha. – Pronto...
–
Tá legal, o que é tão incrível
assim, que você quer nos mostrar? – Amelie suspira.
–
Ela já vai chegar, espera! –
Papai olhou o relógio de pulso.
–
Ela?! – Amelie esbugalhou os olhos
e eu ri. – Você disse que não estava com ninguém!
–
E não estou! – Papai riu. Logo
ele encarou o mar e sorriu. – Shh! Ela está vindo!
Amelie
começou a resmungar, mas quando a coisa emergiu da água, ela se
calou e até tapou a boca para impedir um grito. Já eu, bem, quando
a vi fiquei paralisado, fui tomado por um breve dejávu, depois
comecei a analisá-la. Era uma mulher, tinha a pele morena e molhada,
seus cabelos eram cumpridos, caiam por seus ombros e tapavam parte de
seus seios, a cor de seus cabelos era incrível, eram de um preto
azulado, mas com um reflexo tão colorido e brilhoso. Seu rosto era
lindo, olhos de âmbar, com um risco felino no lugar da menina dos
olhos, seus lábios eram extremamente carnudos e rosados, e
carregavam um sorriso que nos permitia ver seus dentes brancos. Era
difícil digerir o quão linda ela é, mas o mais difícil era
encarar a grande cauda balançando logo atrás de suas costas. Eu não
podia ver tudo, mas podia ver a barbatana amarelada.
–
Puta que pariu! – Amelie ralhou.
–
Olá velho! – Ela disse se
aproximando do barco.
–
E-ela... E-ela é... – Minha irmã
estava mais branca do que o normal.
–
Uma sereia! – Papai gargalhou. –
Ela não consegue falar meu nome, então ensinei-a a me chamar de
velho...
–
Velho! – Repetiu a mulher na água.
–
Zacky, diz alguma coisa... –
Amelie me cutucou.
–
Eu... Ainda estou digerindo... –
Resmunguei.
–
Tudo bem, foi difícil pra mim
também. Achei que era uma daquelas adolescentes com caudas de
sereia, mas estava enganado... – Murmura meu pai. – Ela se chama
Pérola...
–
Você deu esse nome a ela? –
Perguntei ainda sem deixar de encarar a criatura.
–
Sim. – Respondeu o velho. – Ela
não fala nossa língua, estou tentando ensinar a ela.
Ele
então pegou um pacote de guloseima e abriu, os olhos da sereia
seguiram o barulho, ela sorriu ainda mais e balançou ainda mais sua
cauda. Aquilo me fez rir, talvez porque cheguei a comparar aquele ato
com o de um cachorro.
–
Pérola gosta de doces, não é? –
Papai estendeu a mão cheia de balas gelatinosas para fora do barco.
–
Pérola gosta! – Ela riu e esticou
suas mãos pegando o doce.
Percebi
duas coisas naquele momento. Primeira; A voz de Pérola era
maravilhosa, e pareceu encantar não só a mim, mas Amelie também.
Segunda; Suas unhas eram tão grandes quanto as de minha irmã, porém
com um formato V, e entre seus dedos eu pude ver pequenas membranas.
–
Pérola, esses são meus filhos... –
Papai a encarava como se ela fosse uma criança. – Zacky e Amelie.
– Apontou para nós.
–
Olá! – Ela apoiou-se a beira do
barco e sorriu. – Velho! – Apontou para o pacote de doces.
–
Cacete velho, como você a achou?! –
Amelie pergunta.
–
Não fale essas palavras perto dela!
– Ralhou papai. Mas Pérola estava entretida comendo os doces. –
Eu vim pescar por aqui há duas semanas atrás, pra ver se achava uma
espécie diferente, mas o motor pifou e eu fiquei aqui encalhado.
Quando anoiteceu, Pérola apareceu, cantando. Eu ofereci a ela meus
doces, conversei com ela e ela me levou de volta ao pier. – Ele
encarou a morena e sorriu. – Venho encontrando com ela desde então.
–
Mas você sempre nos diziam que elas
afundam os homens... – Murmurei.
–
Ela não me afundou. – Deu de
ombros.
–
Isso é fascinante! – Encarei a
sereia, que agora havia acabado com o pacote de doces. – Ela é
muito bonita...
–
Existem mais como elas? – Amelie
pergunta.
–
Pergunte a ela... – Papai deu de
ombros. Amelie se encolheu.
–
Pérola? – Minha voz criou vontade
própria. A sereia me encarou. – Você tem irmãs?
–
Irmãs? – Ela franziu a testa.
–
É... Igual a Pérola... – Apontei
para sua cauda.
–
Ahh! – Ela sorriu balançando a
cabeça. – Tem... Pérola tem!
–
Onde elas estão? – Perguntei.
–
Longe, bem longe. – Respondeu
mexendo em seus cabelos. Mas logo seus olhos encararam meus braços.
– O que é? – Pergunta puxando meu braço direito, seus dedos
gélidos tocaram minhas tatuagens.
Eu
deveria ter ficado assustado com a aproximação, mas acabei
sorrindo.
–
São tatuagens. – Respondi,
enquanto ela olhava os desenhos. – Você gostou?
–
Pérola gosta! – Sorriu me
encarando. – Velho não tem! – Riu olhando para meu pai.
–
Não... E nem a magrela da Amelie! –
Apontei para minha irmã.
–
Cala a boca, gordo! – Ralhou minha
irmã.
–
Gordo! – Repetiu Pérola. Papai e
Amelie gargalharam, eu acabei fazendo o mesmo.
Com
o passar dos minutos, conversarmos um pouco mais, ou pelo menos
tentamos, já que Pérola não entendia tudo o que falávamos, mas
papai já havia ensinado a ela um bocado. Pérola comeu todas as
guloseimas e lambeu os dedos quando acabou, parecia muito com uma
criança. A sereia deixou que minha irmã tocasse em sua cauda,
apenas Amelie tocou, acho que tal ato era muito íntimo para um homem
fazê-lo, porém eu pude ver de perto as milhares escamas de sua
cauda. A cor de sua cauda acompanhava a cor de sua pele e mesclava
com um amarelo, me deixou totalmente hipnotizado.
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