sábado, 24 de agosto de 2019

Os emails de Lucky | Novo Projeto.



Não tenho certeza de quando postarei essa história, mas deixarei o primeiro capítulo aqui. Tive a ideia ouvindo uma música antiga da Britney Spears, chamada Email my heart, dai em diante comecei a escrever sem parar. A história já tem dezesseis capítulos, será curta, porém, como disse, não sei quando vou postar.

Espero que gostem.





Assunto: Olá John, sou eu. De novo!
De: theluckygirl@gmail.com
Para: iamjon@gmail.com

Olá irmãozão. 
Eu sei, eu deveria parar com essa mania de continuar a escrever e-mails para você, porque afinal de contas, você nunca vai chegar a lê-los, só se tiver internet ai no céu. Mas eu confesso que me sinto bem assim, como se você ainda está perto de mim.
Essa semana se passou de maneira tortuosa. A minha vida nunca foi solitária e entediante, minhas leituras não têm sido as mesmas, pois folheio as velhas páginas dos livros de romance e acabo não absorvendo uma sequer frase. Talvez seja por estar pensando muito em você, não consigo me concentrar e nem focar em nada sem lembrar de você. Porém, eu juro  que estou tentando seguir em frente. Sei que é o que me aconselharia.
Eu comprei uma nova espécie de planta hoje, acho que você gostaria de vê-la em ação! Prometo tirar algumas fotos e anexar no próximo e-mail!
Falando em fotos, achei algumas de quando eu eramos pequenos, mamãe e papai estão em algumas. Infelizmente eu não consegui conter as lembranças e acabei chorando, talvez até tenha me descontrolado e por isso o banheiro está precisando de um novo espelho. 
As más notícias ainda não acabaram por aqui! Jared e eu terminamos. Bem, eu acho que durou até demais. Éramos diferentes, como o você sempre fez questão de dizer! Ele é descolado demais para alguém tão quieta e estranha como eu. 
Eu já imagino o que vai dizer! "Você precisa encontrar alguém! Ou vai ficar pra titia!"  Primeiro, nós não temos tia, e eu não estou interessada nisso, John. As pessoas daqui, não parecem me achar legal e eu acho que não sou como as outras garotas que chamam atenção pela rua. 
Bem, como poderia? Alguém que fala com o irmão morto, não é nada normal. Talvez, só talvez, tenha a ver com o meu humor. Eu não tenho sido a mais simpática das pessoas agora. 
Semana animadora, não?
Vejo você em breve, te amo.
Da sua irmãzinha sortuda, Lucinda.

- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 

Enviada.

O alívio veio imediatamente, como se tivesse tirado uma parcela do peso sobre minhas costas, coisa que era difícil acontecer. Eu me sentia como uma bomba relógio, prestes a explodir e levar uma boa quantia de pessoas comigo. Mas eu me controlo, afinal, eu não quero voltar a fazer terapia com um psicólogo qualquer, isso já foi bem traumatizante em minha adolescência. 

Trocar emails com o meu irmão, foi uma maneira de me manter sã enquanto estava na universidade. Começou a seis anos atrás, não poderíamos nos ver com frequência, trocávamos mensagens. As vezes nos falávamos por telefone, era bom ouvir sua voz. Era bom saber que estava feliz, mesmo eu não estando por perto. John estava noivo, era um ótimo professor de ciências na escola em que estudávamos, ele tinha amigos, tinha uma vida social e pensava em ter filhos. Ele tinha conseguido superar algo que eu jamais consegui. 

Pelo menos era o que eu pensava. 

Já tem três meses que ele se foi. Nunca me senti tão só. Não tenho parentes, não que eu conheça. Não tenho grandes amizades. Sou apenas eu, minhas plantas, meus livros e minha cadela. 

Ok, para não dizer que sou totalmente só, eu tenho a Joana e Alex, que são colegas de trabalho. Tentamos sair juntos algumas vezes, eles meio que me obrigaram! Joana é baladeira e namoradeira, nada como eu, Alex não fica muito atrás. Mas no primeiro e único dia em que saímos para nos divertir em um bar, eu encontrei Jared. Eu o achei bonito, ele foi insistente, mesmo que eu fosse um tanto insensível, ele não desistiu. Engatamos em um namoro, afinal tínhamos nos dado bem. Eu realmente achei que daria certo, que teria alguém para me apoiar, mesmo que eu não o amasse, gostava de sua companhia. Mas não deu certo. Ficamos seis meses juntos, John sempre me dizia que não daríamos certo. Enfim. Eu não me importei por ter acabado.

Fecho meu notebook e coloco dentro de minha bolsa. Pego os livros que havia escolhido para emprestar esta semana e me dirigi até o balcão. Faço o procedimento de sempre, tentando sorrir para a senhora Clarke, que sempre me atende.Então vou para casa.

Esta é a parte que eu mais gosto de meus dias. Eu chego em casa, tomo um banho relaxante, preparo algo para comer, com a companhia de Karma. Nós deitamos em minha cama e eu leio, ou escrevo. Gosto de escrever. Um dos meus sonhos de criança era me tornar uma escritora, mas isso foi destruído, junto com minha infância. Agora eu escrevo apenas por hobby. 

Esta noite os livros não me prendiam a atenção, eu não estava com a minima criatividade para abrir a página do Word e escrever qualquer coisa. Entediada, deixo o notebook de lado, ligo a TV, me levanto para escolher um DVD. Sim, eu ainda tenho um aparelho de DVD e vários filmes originais, os meus preferidos. Resolvo assistir um filme de terror, Na Companhia do Medo, com Halle Berry. Esse filme sempre prende minha atenção, não importa quantas vezes eu o assista. 

Eu sempre me imagino no lugar da personagem principal. E se eu estivesse no lugar dela, bom, eu surtaria, como sempre, pra variar! Ver fantasmas, ser atormentada por algo que você não conhece. Ter que desvendar mistérios e descobrir a verdade sobre alguém que amava. Não, era demais para mim. Porém, filmes assim me davam inspiração. 

O filme acaba. Karma já está dormindo e eu continuo sem sono. Vou até a varanda de meu pequeno apartamento, dou uma olhada em minhas plantas. Eu sempre gostei de plantas, cultivá-las era como se fosse o meu Ioga. Talvez meu irmão tenha uma parcela de culpa, porque sempre me mostrava os livros de ciência com plantas carnívoras, eu acabei me apaixonando. Com o tempo, passei a cultivar algumas frutas pequenas, ervas e flores. Um dos meus sonhos era ter uma casa com um jardim enorme para que eu pudesse plantar qualquer coisa! 

Eu até tinha uma casa, mas eu me recusava a morar nela depois do que havia acontecido. As vezes eu até achava que a casa era amaldiçoada. John morava lá, eu não sei como conseguia. Agora Rebecca, sua noiva, digo, ex noiva, mora lá. Eu deixei que ficasse, porque assim como nós, ela não tem família. Ainda não sei como ela consegue ficar lá... 

Quando volto para meu quarto, chequei a nova planta carnívora que ficava perto da janela. Ela tinha pegado uma libélula, as asas da coitada e uma parte do rabo estavam, ainda para fora. Sorri com a visão de vê-la fechada, ela demoraria até abrir novamente, então eu volto para cama. Percebo imediatamente o aviso no canto de meu computador, dizendo que havia um novo email. Estranhei. Eu não conhecia muitas pessoas para que me mandassem emails, os únicos que eu recebia com frequência era de meu irmão e os boletos de contas à pagar. 

Abri a caixa de mensagem. 

Uma resposta de Jon. 

Gelei. 

Que diabos?! 

Eu já estava começando a pensar que meu irmão estava me respondendo emails do além. Porém, ao abrir o email, percebi o grande erro que havia feito. Quando digitei o email de meu irmão acabei esquecendo de colocar o H no John, então, consequentemente, enviei o email para outra pessoa e pelo que parece, essa pessoa me respondeu. 

Isso realmente não pode estar acontecendo! 




Nenhum comentário:

Postar um comentário